segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Lisa_06

Com o dobro do tamanho, aqui está a sexta parte. Boa leitura.


Lisa_06


Chovia muito lá fora, e os trovões se alternavam entre mais distantes e absurdamente estrondosos. A velha casa, felizmente, não cederia por um motivo tão frívolo. Esses eram os pensamentos de Lisa conforme ela fazia uma ronda pelos cômodos. Ela também se queixava em pensamentos por não ter trazido uma lanterna. 

Seu trabalho, embora não estivesse muito claro, era procurar por alguém naquela casa de madeira, que estava abandonada há anos. Quem poderia estar lá e o porquê eram duas coisas que Lisa certamente desconhecia, motivo pelo qual ela aceitou a tal missão. Encontrar suas próprias respostas é algo que sem dúvida ela acha agradável. A falta de luz era o menor dos problemas comparado à falta de informações. 
Então, vindos lá de fora, provavelmente de alguma floresta ou pântano das redondezas, surgem vários vagalumes. Eles formam uma grande esfera iluminada e seguem voando próximos à Lisa, que solta um sorriso vitorioso. 
- Bom saber que não me abandonaram.
Cerca de meia hora depois, as trovoadas parecem vir cada vez menos, e Lisa se mostra um tanto indignada por não ter encontrado nenhuma pista, corpo ou qualquer sinal de vida, mesmo com a luz dos vagalumes. Ela dispensa os insetos e volta mais uma vez para a cozinha. 
- Será que eu estou procurando de maneira errada?
Ao dizer isso, Lisa fecha os olhos e se concentra na verdadeira escuridão – aquela que ela escolheu ver. Ao fazer isso, Ela sente uma suave brisa tocar-lhe o braço e vai tateando as paredes, caminhando de acordo com o vento. Com a chuva, uma das janelas se abre e fecha rapidamente, mas isso não perturba a caçada de Lisa. 
Assim, ela consegue chegar até um dos quartos – provavelmente aquele onde os antigos moradores dormiam, pois era o aposento mais cheio de objetos pomposos, e a cama de casal se destacava das outras pelo tamanho e pelo modo como estava  preparada. 
- Você está aqui, então. – Lisa acenou com a cabeça sinalizando confirmação.
Ela abre os olhos e revira o local apenas com o método da observação desta vez. Após alguns segundos, sua concentração está toda em um pontinho azul brilhante do lado da cama e próximo a um baú. Quando Lisa chega mais perto, ela constata que está olhando para um espelho acoplado a uma cômoda. 
- Você está aí? Eu posso senti-lo. – Lisa percebe que a temperatura está muito mais baixa desde que adentrara aquela casa. Sentindo o ar, mais denso, converter-se em fumaça, ela diz:
- Posso ouvir sua respiração.
De repente, onde antes só havia o reflexo de Lisa, uma figura aparece brilhando em um tom azulado, semelhante ao pontinho. Antes que Lisa possa reagir, um rosto masculino se forma no espelho com a silhueta levemente iluminada. Ele parece mexer os lábios, mas ela não é capaz de escutá-lo. 
- Por favor, tente ser mais claro. – Disse Lisa, meio aborrecida. 
E seu semblante mudou para espanto quando ela viu uma figura conhecida lá. Um rosto de mulher. O primeiro rosto parecia segurar o segundo, pois estavam muito próximos. Lisa estava cada vez mais apreensiva. 
- Ela está com você, então é por isso... Essa é a razão pela qual estão te procurando!
O primeiro rosto não tenta mais nada, fica apenas imóvel.
- Onde você está? O que pretende fazer com ela?!
Mas, assim que termina de perguntar, Lisa percebe que sua caça acabou. A presa havia escapado. 

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