Mona_24
Mona encarava uma parede completamente branca, como
se inspecionasse meticulosamente cada centímetro, cada parte coberta de tinta –
não havia sequer um sinal de acabamento descascado. Ao constatar isso, ela se
afastou um pouco confusa, como se não soubesse mais porque tinha feito aquilo.
Ela se virou e percebeu que o restante
das paredes era como a primeira: nada além de uma imensidão alva. Ao olhar para
o chão, porém, Mona vê que está pisando em um quadrado azul e que todos os
outros quadrados do chão parecem uma mistura de outras cores. Antes que ela
pudesse se perguntar sobre qualquer coisa, uma das paredes revelou uma janela
com alto-falantes enormes, e um som de batida eletrônica começou a tocar
repetidamente.
Ainda confusa e um pouco desorientada
devido ao som ensurdecedor vindo das caixas alguns metros a sua frente, Mona
se vê em uma escuridão parcial, apenas com os quadrados em seus pés emitindo luz.
Subitamente, seu braço esquerdo começa a doer e ela o sente sendo torcido e
logo depois mordido.
Com a pele rasgada e uma dor excruciante
espalhando-se até a mão e o ombro, Mona dá um grito de agonia e estica o braço
ferido para a pouca luz abaixo de seus pés. Por um momento, ela pensa estar
vendo coisas, mas a ferida não deixa dúvidas de que aquilo é real e que seus
olhos não estão lhe pregando peças: há um macaco agarrado em seu braço pronto
para se deliciar com sua carne viva.
Aterrorizada, ela dá alguns passos pra
trás e tenta se livrar da fera jogando-a contra a parede. O ritmo da música havida
mudado, mas Mona estava ocupada demais com o macaco para perceber isso. Quanto
mais ela pisava em novos lugares, mais a melodia mudava.
O macaco que estava em sua mão se soltou de uma vez
e voltou para um dos cantos escuros. Por um momento, Mona pensou ter se livrado
dele, mas já podia ver alguns olhos pequenos e selvagens a vigiando um pouco
mais a frente. Percebendo o que tinha de fazer, começou a dançar para
mudar as batidas e garantir sua vida.
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